O que é o virtual? (Pierre Lévy)





Ciberespaço: Narciso e o lago profundo
Não posso afirmar que li todo este livro. Creio que venho lendo desde o período como universitária, há uns 16 anos.  Hoje foi necessário refazer esta leitura pensando nos fatos que vão surgindo na linha viva do tempo.
Este texto não pretende relatar sobre conceitos sobre o que é virtual, mas esboçar os sentidos das transformações que estão rapidamente nos trazendo para a Era do Conhecimento.
Finalmente, vislumbramos infinitas conexões entre pessoas, coisas e consciências. De fato, não vimos ainda o paraíso, talvez não o encontremos tal como o esperávamos, porém há uma celeridade no ar que nos obriga ao aperfeiçoamento contínuo, de aprendizes a mestres-aprendizes.
Alguns esperavam dar de cara com a Era do Conhecimento após as colônias em planetas como Marte ou alguma lua de Júpiter. No entanto, quando começamos a lançar mão de insights uns dos outros, colaborativamente ou não. Ou, quando começamos a pensar no dinheiro como ente digital fluindo através da rede, percebemos que um salto enorme já foi dado. Ainda não sabemos para onde partir ou o que fazer exatamente.
O que será que virá após a noosfera?
“A virtualização, em geral, é uma guerra contra a fragilidade, a dor, o desgaste.” (O que é Virtual. P. Lévy. p.79).
Estou refletindo colaborativamente, deixando pistas, pegadas na rede. Mesmo que sejam pensamentos inúteis sem rótulos e credenciais da academia. Mesmo inúteis e não remunerados, são registros. Para mim, registros são preciosos depois de atravessados pelo tempo.
A rede é o Narciso e o espelho d´água
Miradas profundas, mergulhos em luzes fora das três dimensões. Narciso não resistiu e saltou para dentro do lago, a rede reflete tudo o que ele é, mesmo que inconsciente. Narciso mergulhado na água (rede) brinca de se afogar, ama as Ninfas, ama-se ao ver-se refletido em espelhos e descobre quem de fato ele é.
Seria a rede uma invenção dos Deuses para trazer as consciências humanas de volta à verdadeira realidade? Os que conseguissem se “re-significar” teriam mais progresso nesta passagem pelos portais do tempo?
A rede e a mística das consciências: argumento inicial
A rede como representação do espaço cósmico (ciberespaço que materializamos), onde circulam as consciências, onde energia e informação são compartilhadas continuamente.
A rede é, por vezes, o lago profundo que convida Narciso a mergulhar seduzido por sua própria imagem. No entanto, ao mergulhar, Narciso descobre que não se trata só da sua própria imagem refletida no brilho das águas, mas sim de um estado de “atração por unicidade”, onde diferenças e imperfeições encontram em semelhanças, atração, identificação.
A falta de confiança, o medo e o desprazer resultam em experiências frustrantes que podem implicar em prejuízos à comunicação entre os usuários da rede.
Neste caso, creio que o prazer de conhecer e compartilhar torna-se uma importante característica nas relações de colaboração, pois amplia a capacidade de pensar criativamente e estabelece a liberdade como referência de todos que compartilham. A mestria não lida com o desrespeito ao tocar o outro, a mestria busca a linguagem do equilíbrio e da igualdade. Quando houver evolução, haverá mestria, creio.
“O paradigma Trust & Sharing enfatiza, assim, a necessidade futura de renovar a lealdade e o compartilhamento, para confiar na convergência entre consumidores e empresa, gerando uma cadeia de valor baseado na integração ou na confiança entre produtor e consumidor. Trata-se de voltar a confiar uns nos outros, compartilhando sensações e impressões e obtendo o máximo grau de felicidade a partir da experiência comum do produto e do serviço.” ( Francesco Morace. Pag. 133, em “O que é futuro?”).
Avançando um pouco mais na metáfora do autoconhecimento, busco o entendimento de um piloto que embarca na busca de pistas em um mar infinito de possibilidades de escolhas. Ele deverá escolher pontos de parada ou será levado a estes pontos. No entanto, sempre guiado por suas próprias intenções, paixões e curiosidades.
“A consciência é o produto da seleção, da linearização e da manifestação parcial de uma afetividade à qual ela deve tudo. (…)
Um psiquismo integral, portanto capaz de afeto, pode ser analisado segundo quatro dimensões complementares: uma topologia, uma semiótica, uma axiologia e uma energética.” (Pierre Lévy, pag.104. O que é virtual?)
Kundalini é o “buraco de minhoca” nas malhas do espaço-tempo, mas, neste caso, é um estado de meditação de olhos bem abertos, conectados com os estímulos da tela, de “não-lugar” onde o piloto imprime significados. Embarca em uma busca inocente (virginal) através do ciberespaço. Uma busca que refletirá em seus rastros, em sua individualidade universal, pulsante, cheia de mistérios, defeitos e encantos.
“Os algoritmos genéticos e diversos sistemas de ‘vida artificial’ permitem imaginar que o software, simbioticamente ligado ao meio tecnológico e humano do ciberespaço, poderia em breve representar o mais novo dos sistemas darwinianos capazes de aprendizagem e de autocriação.  (…)
Um cérebro é ao mesmo tempo o resultado de um processo darwiniano na escala da evolução biólogica e na escala da aprendizagem individual. Ademais, ele integra vários tipos de ‘populaçõesque aprendem’ de escalas diferentes: grupos de neurônios, mapas extensos de zonas sensoriais, sistemas de regulações globais etc.(Edelman, 1992).” (Pierre Lévy, 1996, p.102-103)
O psiquismo integral que é entendido como: uma topologia (dimensões nos espaços – malha espacial); uma semiótica (signos – sonoros, visuais, táteis, proprioceptivos, diagramáticos); uma axiologia (espaço psíquico ligado a “valores “que alimentam ou desorientam. E, uma energética (“simetricamente, a vida psíquica manifesta-se como um fluxo de afetos.”).
PSICOLOGIA COGNITIVA => ORGANIZAÇÃO SEMÂNTICA DA MEMÓRIA (memória viva, dinâmica).
“O psiquismo, por construção, transforma o exterior em interior ( o lado de dentro é uma dobra do lado de fora) e vice-vesa, uma vez que o mundo percebido está sempre mergulhado no elemento afeto.” (Pierre Lévy, 1996, p.108)
Então, Narciso mergulhado em uma das malhas do espaço-tempo, poderíamos dizer, em um dos múltiplos universos, percebe-se. É o observador de sua própria consciência transitando pelo espaço. Descobre que seus sentimentos fazem esta malha espacial esticar em movimentos elásticos, tais como se seus pensamentos fossem um dedo a cutuca-la.
O “buraco de minhoca” levou-o a outro estado de consciência, ele mesmo não sabe ainda, mas é um viajante aventureiro entre mundos. Hora está em um mundo denso, vivendo especificamente em concorrência com os desafios da realidade em três dimensões. Em outras horas, está em estados sutis que seu próprio corpo físico torna-se uma espécie de nave a trafegar nas malhas do espaço.
Talvez esta seja a verdadeira história sobre a maçã que a bíblia insiste em contar como a tragédia de um casal que descobriu a intimidade. Sim, a intimidade, mas intimidade das próprias consciências.
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As potencialidades eletromagnéticas no ser humano, foram pouco estudas ou pouco entendidas pela ciência até o momento. Já existem estudos que apontam o coração e a pineal como geradores de energia eletromagnética.
“Os coletivos humanos são espécies de megapsiquismo, (…)” (Pierre Lévy, 1996, p.109)
A consciência pode ser entendida como virtual que é o que une os corpos físicos ao espaço. O “espírito” que move e dá sentido.
Davos, 2016 – Reflexões sobre a VI Era Industrial
But here’s the rub. The very nature of digitalization — which characterizes the Third Industrial Revolution — is its ability to reduce communications, visual, auditory, physical, and biological systems, to pure information that can then be reorganized into vast interactive networks that operate much like complex ecosystems. In other words, it is the interconnected nature of digitalization technology that allows us to penetrate borders and “blur the lines between the physical, digital, and biological spheres.” Digitalization’s modus operandi is “interconnectivity and network building.” That’s what digitalization has been doing, with increasing sophistication, for several decades. This is what defines the very architecture of the Third Industrial Revolution. All of which raises the question: why, then, a Fourth Industrial Revolution?
He then declares that “now a Fourth Industrial Revolution is building on the Third, the digital revolution that has been occurring since the end of the last revolution. It is characterized by a fusion of technologies that is blurring the lines between the physical, digital, and biological spheres.”
 (Jeremy Rifkin about World Economic Forum 2016).
Um corpo tornando-se informação.
Algorithmic Self
The next step is that your personal algorithms become a more concrete part of you, continuously evolving with you by learning from your interactions both in digital and physical environments. Your algorithmic self combines your personal abilities and knowledge with machine learning systems that adapt to you and work for you. Be it your smartwatch, self-driving car or an intelligent home system, they can all be spirited by your algorithmic self.
Your algorithmic self also can connect with other algorithmic selves, thus empowering you with the accumulating collective knowledge and intelligence. To expand your existing skills and faculties, your algorithmic self also starts to learn and act on its own, filtering information, making online transactions and comparing best options on your behalf. It makes you more resourceful, and even a better person, when you can concentrate on things that really require your human presence and attention.
Partly algorithmic humans are not bound by existing human capabilities; new skills and abilities emerge when human intelligence is extended with algorithmic selves. For example,your algorithmic self can multiply to execute different actions simultaneously. Algorithmicselves could also create simple simulations by playing out different scenarios involving yourreal-life choices and their consequences, helping you to make better decisions in the future.
Um corpo informacional navegando pela “noosfera”
meditacao
Cerca de 99% do seu corpo é composto de átomos de hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio. Você também contêm quantidades muito menores de outros elementos que são essenciais para a vida. Fonte: https://www.universoracionalista.org/a-fisica-de-particulas-do-seu-corpo/

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